Saudações aos comunistas italianos, franceses e alemães

Um texto excelente de Lenin, que demonstra um pouco de seu domínio da dialética marxista, fazendo a crítica tanto da “pequeno-burguesia” adepta das ideias de Kautsky quanto a crítica dos ultra-esquerdistas que desejam “proibir” a participação dos comunistas no parlamento burguês. Traduzido para Português (do Brasil) a partir da tradução para Português (de Portugal) realizada pelo site Para a História do Socialismo.

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Augusto Machado — “O caminho do inferno é pavimentado de boas intenções”: ensaio sobre o anarquismo

Via Blog BRADO!

Obs.: Alguns erros de digitação foram corrigidos pelo Iglu Subversivo.

Gustave Doré

A “esquerda” é definida pela disposição de suspender marco moral abstrato, ou parafraseando Kierkegaard, de realizar uma suspensão política do Ético.
Zizek

O leninista, visto que persegue uma ação de classe, abandona a moral universal, mas esta lhe será devolvida no universo novo dos proletários de todos os países.[…] A política é, por essência, imoral.
Ponty

Nas últimas décadas, o fim do bloco socialista e a deterioração de Estados e Partidos comunistas que se tornaram revisionistas, como é o caso chinês, ou reformistas, como os PC’s de todo o mundo, tem aberto um terreno fértil para outras teorias socialistas não-marxistas, já que o marxismo e sua proposta política teria perdido grande parte de sua legitimidade com os fracassos citados. O anarquismo é uma dessas teorias. A atrativa crítica ao “autoritarismo” e ao “totalitarismo estatal” de tipo leninista parece explicar as causas do fracasso e apontar um futuro promissor e renovado para a revolução. Os anarquistas tomam a derrota do movimento comunista do século XX e tentam com isso descartar o marxismo enquanto alternativa do horizonte político. Teóricos que perdiam cada vez mais sua influência nos movimentos revolucionários, à época, com o avanço do socialismo inspirado no marxismo, retornam das cinzas, e este, antes influência quase única vai perdendo terreno, não só para o anarquismo, mas para outras variantes mais tradicionais ou mais ecléticas.

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Louis Althusser — Sobre o marxismo

Althusser, L. [1953], Primeiros Escritos, O Espectro de Hegel
Traduzido do seguinte link em inglês:
<https://www.marxists.org/reference/archive/althusser/1953/onmarx/on-marxism.htm>, a
cessado em 23 de Novembro de 2017


Sobre o marxismo

O marxismo constitui uma das principais correntes do pensamento contemporâneo. Até agora, há inúmeras obras que tentam expô-lo, combatê-lo ou mesmo “substituí-lo”. Já não é tarefa fácil encontrar o caminho que atravessa esta massa de trabalhos polêmicos e leva aos textos. Além disso, há muitos desses textos. A edição francesa (incompleta) das obras de Marx e Engels, publicada pela Costes, compreende cerca de 60 volumes; mais de 20 publicados pelas Editions Sociales; a edição (incompleta) das obras de Lenin inclui cerca de 20 volumes; a edição de Stalin, uns 15; e assim por diante … Mas o fato de que há tantos textos não é o único problema. O cânone marxista abrange um período histórico que se estende de 1840 até o presente, e levanta problemas que alimentaram a polêmica: a natureza dos primeiros trabalhos de Marx; o problema da tradição marxista. Finalmente, a própria natureza do marxismo – uma ciência e uma filosofia intimamente ligada à prática (política ou científica) – representa uma dificuldade adicional, talvez a maior de todas. Se negligenciarmos a constante referência à prática, que Marx, Engels e seus seguidores chamam insistentemente a atenção, alguém é suscetível de mal interpretar completamente o significado do marxismo e de interpretá-lo como uma filosofia “comum”.

Aqui, gostaríamos de fornecer alguns guias que possam facilitar a aproximação e o estudo do marxismo.

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Anotações de Marx ao livro de Bakunin “O Estado e a anarquia”

Do Portal Vermelho à Esquerda
https://vermelhoaesquerda.blogspot.com.br/2014/01/anotacoes-de-marx-ao-livro-de-bakunin-o.html )



Neste texto, Karl Marx faz anotações de caráter crítico ao livro do teórico anarquista Mikhail Bakunin. Neste livro, como mostra Marx durante as anotações, há vários erros de Bakunin sobre o comunismo científico. Mais tarde, tais críticas de Bakunin à concepção marxista se mostram cientificamente refutadas sobre a experiência da revolução russa, sobretudo com a criação da República proletária Soviética! 
 

Abaixo, o texto. Em itálico e clareado, os escritos de Bakunin; em fonte normal, as intervenções de Karl Marx.

“Nos últimos tempos, o filisteu alemão começa de novo a sentir um terror sagrado ante as palavras: ditadura do proletariado. Pois bem, senhores, quereis saber o que é essa ditadura? Olhai a Comuna de Paris. Eis aí a ditadura do proletariado”. (Engels em introdução do livro Guerra Civil na França).


 

Já apontamos nossa profunda repugnância pela teoria de Lassale e Marx, que recomenda aos operários, senão como ideal supremo, pelo menos como objetivo imediato e principal a instauração de um Estado popular, o qual, segundo sua expressão, não será senão o proletariado erigido em classe dominante. E alguém se pergunta: quando o proletariado seja classe dominante, sobre quem vai dominar? Isso significa que restará de pé outro proletariado, submetido a esta nova dominação, a este novo ‘Estado’”.

Isto significa que enquanto subsistam as outras classes e especialmente a classe capitalista, enquanto o proletariado lute contra elas (pois com a subida do proletariado ao poder não desaparecem todavia seus inimigos, nem desaparece a velha organização da sociedade) terá que empregar medidas de violência, a saber, medidas de governo. Enquanto o proletariado seja todavia uma classe e não tenham desaparecido as condições econômicas nas quais descansa a luta de classes e a existência destas, será preciso, pela violência, tira-las do caminho ou transforma-las, será preciso acelerar pela violência seu processo de transformação.

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Stalinismo e Anti-Stalinismo? — Parte 2

Leia a parte 1: Stalinismo e Anti-Stalinismo? — Parte 1

Além disso, deve-se notar:

Se Khrushchev e Gorbachev, em sua acusação contra Stalin, foram guiados pelo desgosto pela desumanidade, teriam que condenar o imperialismo de maneira semelhante, mas para eles estavam buscando confiança e atribuindo-lhe a capacidade de paz. Em contraste com isso, está a avaliação extremamente positiva de Stalin pelo embaixador dos EUA, Joseph Davies, que também acompanhou os julgamentos de Moscou.

Além das críticas históricas da pessoa de Stalin, considerações politico-teóricas também desempenham um papel na deslegitimação dele. O colapso dos países socialistas europeus, especialmente a União Soviética, teria servido como prova da correção da tese trotskista da impossibilidade de se construir o “socialismo em um só país”, geralmente negando que não era Stalin, mas Lenin, que em 1915 considerou a possibilidade do “socialismo em um só país”. A impossibilidade da completa vitória, definitiva do socialismo num só país sem a vitória da revolução não menos importante em um número de países, é a impossibilidade de uma garantia total contra a intervenção e, consequentemente, contra a restauração da ordem burguesa. Isso adiaria a revolução socialista para o dia de São Nunca. Mas Stalin não só defendeu a tese de Lenin, como também provou ao PCUS que tanto a construção socialista em um país quanto a disputa contra os agressores fascistas eram possíveis.

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K. Marx & F. Engels – Princípios Básicos do Comunismo

Texto de Marx e Engels, escrito em 1847 e publicado em 1914.

Direitos de tradução em língua portuguesa reservados por Editorial “Avante!” – Edições Progresso Lisboa – Moscovo, 1982.

1.ª Pergunta: Que é o comunismo?

Resposta: O comunismo é a doutrina das condições de libertação do proletariado.

2.ª P[ergunta]: Que é o proletariado?

R[esposta]: O proletariado é aquela classe da sociedade que tira o seu sustento única e somente da venda do seu trabalho e não do lucro de qualquer capital; [aquela classe] cujo bem e cujo sofrimento, cuja vida e cuja morte, cuja total existência dependem da procura do trabalho e, portanto, da alternância dos bons e dos maus tempos para o negócio, das flutuações de uma concorrência desenfreada. Numa palavra, o proletariado ou a classe dos proletários é a classe trabalhadora do século XIX.

3.ª P[ergunta]: Portanto, nem sempre houve proletários?

R[esposta]: Não. Classes pobres e trabalhadoras sempre houve; e as classes trabalhadoras eram, na maioria dos casos, pobres. Mas nem sempre houve estes pobres, estes operários vivendo nas condições que acabamos de assinalar, portanto, [nem sempre houve] proletários, do mesmo modo que a concorrência nem sempre foi livre e desenfreada.

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Marx e Engels e as perspectivas de revolução na Rússia

É aparente que Marx e Engels eram extremamente bem informados sobre a posição do movimento russo e da sociedade russa em geral. Um boato burguês ainda está por aí afirmando que Marx e Engels “não previram que a revolução ocorreria primeiro em um país atrasado como a Rússia, e não em um país capitalista desenvolvido, como a Inglaterra ou a Alemanha”.

É verdade, com certeza, que nos escritos mais antigos, tanto Marx quanto Engels não apenas esperavam, também pensavam que muito provavelmente a revolução proletária se desenvolveria em países em que o capitalismo estivesse totalmente desenvolvido. Mas na metade, e especialmente no fim de suas vidas e carreiras, ambos previram corretamente que o elo fraco estaria provavelmente na Rússia:

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Revolutionary Communist Party — Sobre o papel da agitação e da propaganda

Os comunistas frequentemente falam sobre a importância crucial da agitação revolucionária e propaganda. E com razão. Juntos, agitação e propaganda, são uma arma poderosa e indispensável no arsenal revolucionário do Partido. De que outra forma, de não com uma agitação vívida e convincente, bem como propaganda, o ódio que é provocado pela vida cotidiana sob o capitalismo pode ser mais despertado e agudizado contra a burguesia? De que outra forma, por meio da agitação e da propaganda, a palavra, as faíscas e as lições das lutas travadas agora uma, agora outra, seção das massas serão espalhadas por todo o país? De que outra forma, a luta de classes pode ser travada na arena crucial da opinião pública contra a classe dominante – cujas ideias também são as ideias dominantes na sociedade e que gastam milhões e milhões de dólares anualmente para produzir um dilúvio de sua própria agitação e propaganda espalhando confusão, derrotismo e reação?

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Zhou Enlai — Como Ser Um Bom Líder

I. A definição de líder

Qualquer quadro pode em algum momento assumir o trabalho de liderança e, muito provavelmente, ele já está fazendo esse trabalho. Portanto, o trabalho de liderança diz respeito a quadros líderes em todos os níveis, seja o inferior, médio ou superior.

Entre os membros da equipe em Hongyan e Zengjiayan, há apenas uma diferença no tipo de trabalho que cada um faz, mas nenhuma distinção é desenhada entre os líderes e liderados, ainda menos entre quadros e não-quadros. Embora alguns camaradas que trabalham em Hongyan e Zengjiayan e no escritório da New China Daily não estão diretamente assumindo as responsabilidades de liderança, eles são de fato líderes.

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Stalinismo e Anti-Stalinismo? — Parte 1

Eckhard Roth

Artigo no Die Rote Fahne, jornal do Partido Comunista Alemão
(Kommunistische Partei Deutschlands – KPD)

Edição de Maio de 2008

Título original: “Stalinismus oder Anti-Stalinismus?”

No começo de um artigo que faz uma avaliação política de Stalin, primeiro deve-se concordar com os termos usados. Se notamos que há um “marxismo” ou um “leninismo”, é ingênuo assumir que a observação sugere haver um “stalinismo” lógico. Apesar de existirem camaradas que orgulhosamente se consideram stalinistas, é preciso notar que o termo “stalinismo” tem uma origem burguesa e é provido de conteúdo negativo. Atribui-se aos termos “marxismo” e “leninismo” principalmente os benefícios teóricos dos mesmos, enquanto “stalinismo” é descrito como despotismo sanguinário e falsificador dos princípios leninistas. Assim, é necessário afirmar que “stalinismo” é um termo da luta burguesa, que pode encontrar um lugar no vocabulário da esquerda marxista. Ao invés disso, o lógico é falar em anti-stalinismo, como fez Kurt Gossweiler no seminário internacional do partidos comunistas e de trabalhadores em Bruxelas, 1º de Maio de 1994.

Deve ser clarificado agora o conteúdo desse termo burguês e que função ele tem.

O termo Stalinismo leva a revisões parcialmente gerais e revisões parcialmente específicas. No caso geral, é de se notar que qualquer revolução custará a vida de pessoas inocentes, como tem custado já, e que qualquer revolucionário é mostrado pela contrarrevolução como um “assassino”: Müntzer, Cromwell, Robespierre, Lenin, Liebknecht, Luxemburgo e Stalin.

No caso específico, é preciso comentar sobre os Processos de Moscou, que são exibidos pela burguesia como “anos de terror” ou “Grande Expurgo”. Naquela época, era evidente que um confronto militar com a superpotência beligerante, o Reich [Nota do Editor: Império] Alemão, estava em andamento. Havia também o aparato militar de diversos colaboradores do nazismo. No aparato político, havia grupos anti-partido do lado da esquerda – e desvios de direita. De acordo com observadores estrangeiros, os Processos de Moscou foram conduzidos de maneira justa. A opinião da maioria dos diplomatas que atenderam às negociações era de que foi comprovado que os acusados claramente eram conspiradores com o propósito de eliminar o governo e assim a ofensiva da traição se tornou conhecida. Entretanto, também era conhecida a ideia de que os processos foram puramente produções, o que foi considerado como apropriado por alguns observadores com fins propagandísticos. Os Processos de Moscou foram entendidos como uma preparação para a guerra, tendo em vista o incipiente ataque fascista. Os eventos em Moscou devem então ser considerados numa relação causal. Através dessa limpeza, a quinta-coluna hitlerista foi impedida de atuar na Rússia.

Leia a parte 2: Stalinismo e Anti-Stalinismo? — Parte 2

Resposta breve a um trotskista no grupo Josef Stálin

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Lenin discursando no III Congresso da Internacional Comunista

A posição do Comintern sobre a Revolução Chinesa, que corretamente consideraram que era essencialmente anti-feudal. Ou seja, além de ser anti-imperialista, era uma revolução agrária que combatia os atrasos pré-capitalistas, ponto fundamental que Trotsky negava (e tal ideia errônea poderia até mesmo justificar a vitória do Kuomintang, já que em tal situação uma revolução proletária e camponesa não seria, supostamente, necessária). Isso tem origem na subestimação do campesinato, ideia que faz parte também da teria trotskista da Revolução Permanente, que Lenin já criticou duramente (e tal fato é censurado pelos trotskistas). Sabe-se lá de onde tiraram que “Stalin queria que o PCCh se desfizesse e se integrasse ao KMT”; talvez tenha sido de alguma cartilha trotskista obscura… Enfim, o PCCh sempre teve um respeito enorme por Stalin; já fizeram críticas construtivas; conheciam a dialética. Diferente de quem pinta Stalin como um monstro.


Lenin em 1915, “Sobre a Palavra de Ordem dos Estados Unidos da Europa”:

“A desigualdade do desenvolvimento económico e político é uma lei absoluta do capitalismo. Daí decorre que é possível a vitória do socialismo primeiramente em poucos países ou mesmo num só país capitalista tomado por separado. O proletariado vitorioso deste país, depois de expropriar os capitalistas e de organizar a produção socialista no seu país, erguer-se-ia contra o resto do mundo, capitalista, atraindo para o seu lado as classes oprimidas dos outros países, levantando neles a insurreição contra os capitalistas, empregando, em caso de necessidade, mesmo a força das armas contra as classes exploradoras e os seus Estados. A forma política da sociedade em que o proletariado é vitorioso, derrubando a burguesia, será a república democrática, que centraliza cada vez mais as forças do proletariado dessa nação ou dessas nações na luta contra os Estados que ainda não passaram ao socialismo. É impossível a liquidação das classes sem a ditadura da classe oprimida, o proletariado. É impossível a livre unificação das nações no socialismo sem uma luta mais ou menos longa e tenaz das repúblicas socialistas contra os Estados atrasados”.


Lenin em 1916, “Programa Militar da Revolução Proletária”:

“O desenvolvimento do capitalismo ocorre de maneira extremamente desigual nos vários países. Não pode ser diferente sob o sistema de produção de mercadorias. Disto segue-se inevitavelmente que o socialismo não pode alcançar a vitória simultaneamente em todos os países. Alcançará vitória primeiro em um ou alguns países, enquanto outros permanecerão burgueses ou pré-burgueses por algum tempo”.


Lenin em 1921, no III Congresso do Comintern, 5 de julho, “Relatório sobre as táticas do PCR”:

“Quando começamos a revolução, pensamos: ou a revolução internacional vem para nossa assistência, e nesse caso nossa vitória seria totalmente assegurada, ou deveríamos fazer nosso trabalho revolucionário modesto com a convicção de que mesmo em caso de derrota teríamos servido a causa da revolução e que nossa experiência seria benéfica a outras revoluções. Na realidade, entretanto, os eventos não ocorreram em linha reta como esperamos. Nos outros países maiores, mais desenvolvidos a revolução não veio até hoje”.


Caso digam que isso é contrário ao que defendia Stalin, mostro algo do mesmo que provavelmente desconhecem, e que deixa claro o que é realmente o “socialismo em um só país” de Lenin e Stalin, quando este afirmou:

“A revolução vitoriosa num país tem por tarefa desenvolver e sustentar a revolução nos outros países”.

A revolução proletária em um ou alguns países

Do excelente livro Sobre Os Fundamentos do Leninismo, de Joseph Stalin:

Se é justa a tese de que a vitória definitiva do socialismo, no primeiro país a se libertar, é impossível sem os esforços comuns dos proletários de vários países, não é menos verdadeiro que a revolução mundial se desenvolverá tanto mais rápida e profundamente quanto mais eficaz for a ajuda do primeiro país socialista às massas operárias e trabalhadoras de todos os outros países. Em que deve consistir essa ajuda? Em primeiro lugar, no fato de que o país vitorioso realize “o máximo realizável num só país para desenvolver, apoiar, e despertar a revolução em todos os países”. (Vide Lenin, Obras Escolhidas vol. XXIII, pág. 385).

Em segundo lugar, no fato de que “o proletariado vitorioso” de um país, “depois de expropriar os capitalistas e de organizar no seu país a produção socialista”, se subleve “contra o resto do mundo capitalista, atraindo para o seu lado as classes oprimidas dos outros países, estimulando-as à insurreição contra os capitalistas, intervindo, caso necessário, até mesmo com a força das armas contra as classes exploradoras e os seus Estados” (Vide Lenin, Obras Escolhidas vol. XVIII, págs. 232-233).

Tony Clark – Sobre as origens da teoria do socialismo em um só país

Neste artigo, examinamos as origens da teoria do “socialismo em alguns, ou mesmo num só país capitalista tomado isoladamente”. Tal esforço se faz necessário para contrapor a recorrente lenda, criada e difundida pelo trotskismo, de que tal teoria teria sido criada por Stalin em 1924, bem como de que servisse como expressão da estreiteza nacional de uma crescente burocracia soviética conservadora. Este estudo nos revela que esta teoria já estava presente na resposta dos bolcheviques à traição dos partidos socialdemocratas europeus ao ideal da revolução proletária, o que se deu logo após a eclosão da Primeira Guerra Mundial em 1914 (que os bolcheviques denunciaram como a guerra imperialista). A incompreensão de Trotsky, ou mesmo sua recusa em aceitar esta concepção leninista, nos mostra que seu rompimento com o menchevismo foi parcial, além de apontar a compreensão ultra-esquerdista que tinha do processo revolucionário mundial. Para sermos breves, empregaremos o termo “socialismo em um país” ao invés de “socialismo em alguns, ou mesmo em um único país tomado isoladamente”.

Esta foi, de fato, a disputa mais acirrada na história do movimento revolucionário marxista. Nos debates que giravam em torno da própria natureza do processo revolucionário mundial, tratava-se do papel a ser desempenhado pelo socialismo, caso este obtivesse a vitória somente em alguns, ou mesmo num único país capitalista. Levantada primeiramente no conflito entre Lenin e as correntes oportunistas da Socialdemocracia, esta questão mais tarde se transfiguraria na disputa entre Stalin e Trotski. Mas por que tal debate foi tão central? A resposta pertence à ordem do tempo, e pode ser encontrada na natureza da época em que vieram à tona.

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Socialismo em um só país, por LENIN

A desigualdade do desenvolvimento econômico e político é uma lei absoluta do capitalismo. Daí decorre que é possível a vitória do socialismo primeiramente em poucos países ou mesmo num só país capitalista tomado por separado. O proletariado vitorioso deste país, depois de expropriar os capitalistas e de organizar a produção socialista no seu país, erguer-se-ia contra o resto do mundo, capitalista, atraindo para o seu lado as classes oprimidas dos outros países, levantando neles a insurreição contra os capitalistas, empregando, em caso de necessidade, mesmo a força das armas contra as classes exploradoras e os seus Estados.

V. I. Lenin sobre uma de suas contribuições originais ao marxismo, o “socialismo em um só país”.

Fonte: http://www.marxists.org/portugues/lenin/1915/08/23.htm

Sobre a Palavra de Ordem dos Estados Unidos da Europa, 23 de agosto de 1915

Karl Marx e Friedrich Engels sobre a social-democracia

marx-engels

Fonte: http://www.marxists.org/portugues/marx/1850/03/mensagem-liga.htm

No momento presente, em que os pequeno-burgueses democratas são oprimidos por toda a parte, eles pregam ao proletariado em geral a união e a conciliação, estendem-lhe a mão e aspiram à formação de um grande partido de oposição que abarque todos os matizes no partido democrático; isto é, anseiam por envolver os operários numa organização partidária onde predominem as frases sociais-democratas gerais, atrás das quais se escondem os seus interesses particulares e onde as reivindicações bem determinadas do proletariado não possam ser apresentadas por mor da querida paz. Uma tal união resultaria apenas em proveito deles e em completo desproveito do proletariado.

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Enver Hoxha — O Valor das “Liberdades Democráticas” num Estado Burguês e as Formas de Aproveitá-las [1]

Por Enver Hoxha. [2]

Traduzido por: Ícaro Leal Alves [3]

A burguesia e, junto a ela, os revisionistas modernos, falam e fazem cálculos sobre as liberdades democráticas. Com efeito, em cada Estado burguês denominado democrático, existem algumas liberdades democráticas relativas. Dizemos relativas, porque não ultrapassam jamais o limite da concepção burguesa de “liberdade” e de democracia, porque não chegam jamais ao ponto de prejudicar os interesses vitais da burguesia no poder.

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Os Sovietes

Post baseado principalmente na obra “URSS, Uma Nova Civilização” escrita por Sidney Webb e Beatrice Webb. Edição de 1938 da Editora Calvino Ltda, RJ.

Os Soviets surgiram em 1905 como órgãos da insurreição armada, concebidos pela criatividade revolucionária das massas populares, como expressão da criação do povo, como manifestação da iniciativa do povo.¹ Soviet significava originalmente qualquer tipo de conselho, em russo совет, ou mais especificamente um Conselho de Deputados dos Trabalhadores, Soldados e Camponeses. Foram primeiramente organizados em maio e junho de 1905, em Ivanovo-Voznessensk (hoje conhecida apenas como Ivanovo) e Kostroma para dirigir a greve dos trabalhadores de indústrias têxteis. Mas não era somente para essa função que eles existiam; também exerciam funções políticas locais. Como dito por Mikhail Nikolayevich Pokrovsky em “Breve História da Russa”, de 1934, no volume 2: “Foi a maior greve que jamais se realizou na Rússia. Nessa ocasião, foi eleito o primeiro Soviet de delegados dos trabalhadores, na Rússia, entre os dias 15 e 18 de maio de 1905. Pela primeira vez, os trabalhadores apresentaram-se como classe consciente, livres da influência dos ‘democratas’ como haviam estado desde o tempo de Gapon².” (pp. 153-154, 189-190).

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Bill Bland ― Existe um mercado sob o socialismo?

Original em inglês: http://ml-review.ca/aml/BLAND/MarketUnderSocialism.html

Foi sugerido durante o debate que o termo “mercado” tinha relevância apenas para uma sociedade capitalista. Mas o dicionário define o termo “mercado” como

“A demanda .. (por uma mercadoria).” [demand (for a commodity)] (‘Dicionário Oxford de Inglês’, Volume 9, Oxford, 1979;. P 305).

e o termo “demanda” como:

“Uma chamada para uma mercadoria por parte dos consumidores”. [a call for a commodity on the part of consumers] (‘Dicionário Oxford de Inglês’, Volume 4, Oxford, 1979;. P 430).

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André Ortega – Coreia: Ditadura x Democracia

Por André Ortega – criador do blog Realismo Político (Realpolitik) e também editor deste blog (Iglu Subversivo)

Coreia: Ditadura x Democracia


Tendo viajado para a República Popular Democrática da Coreia, a Coreia do Norte(abril/2011), as pessoas sempre fazem perguntas sobre este peculiar país que visitei e sempre estudei(e estudo) muito material a respeito. Decidi escrever alguns textos com base nas perguntas mais frequentes e nesse caso vou abordar os problemas relacionados a política, ao Estado norte-coreano, usando de algumas discussões que tenho registradas e abordando tudo de uma forma mais geral. Vale observar que no texto falo mais nos tons do positivismo, não do marxismo.

“O que você acha do regime norte-coreano? E do regime da Coreia do Sul? Você apoia a ditadura?”

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Natureza humana

Tradução de um artigo que li no International Socialist Review. Ele se inicia com um post que apareceu dia 31 de julho de 2007 no blog Darwinian Conservatism, por Larry Arnhart. Depois, há a resposta de Phil Gasper. Seguem os textos.

“Humanos instintivamente buscam o poder”, por Larry Arnhart

A edição de julho / agosto da International Socialist Review tem um artigo escrito por Phil Gasper criticando meu argumento de conservadorismo darwiniano.

Gasper insiste que Karl Marx e Friedrich Engels aceitaram a ciência de Darwin, o que mostra que a ideologia da esquerda socialista é compatível com o darwinismo. Mas Gasper não diz a seus leitores que Marx e Engels criaram uma dicotomia entre a natureza animal e a cultura humana, de modo que eles poderiam dizer que a ciência darwiniana explica o mundo natural dos animais e do corpo humano, mas não o mundo exclusivamente humano da história cultural . Embora outros animais tenham alguma capacidade para o trabalho, Marx afirmou que somente os seres humanos tem a capacidade para o trabalho intencional sobre o mundo para estar de acordo com algum plano na imaginação. Ao mudar o mundo natural para satisfazer suas necessidades, o homem também “muda sua própria natureza.” Isso permite a Marx proteger sua visão utópica de perfectibilidade socialista de ser subvertida pelo naturalismo darwiniano. Essa mesma tendência socialista de olhar o ser humano como capaz de uma liberdade utópica transcendente da natureza se manifesta na atração de Gasper à visão de Stephen Jay Gould da liberdade transcendental humana.

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Lenin – Sobre os sindicatos, o momento atual e os erros de Trotsky e Bukharin

[1]

V. I. Lênin
30 de dezembro de 1920

Camaradas:

Antes de tudo, devo pedir desculpas por haver infringido o regulamento, pois para participar das discussões teria de ter ouvido, naturalmente, o informe, o co-informe e os debates. Infelizmente, meu estado de saúde não me permitiu. Mas ontem tive oportunidade de ler os documentos mais importantes impressos e de preparar minhas observações. Logicamente, a infração ao regulamento a que me referi, implica em certos inconvenientes para vocês: é possível que faça repetições por não saber o que os outros disseram e não responda o que deveria ser respondido. Mas não pude fazer de outro modo.

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André Ortega – “Democracias Coreanas” – Origens

“O indicador pelo qual distinguimos democracia de pseudo-democracia reside na existência da participação do povo na administração estatal ou não.”

(Kim Il Sung, On the establishment  of the WPNK, em ON THE BUILDING OF THE WORKERS’ PARTY OF KOREA, Tomo 1, Foreign Languages Publishing House, Pyongyang, Korea, 1977, pg. 263)

Kim Il Sung disse isso em setembro de 1946. Atualmente a RPDC pode usar o mesmo argumento ao contrapor seus chamados organismos de poder popular (comitês locais, de fábrica) e organizações de massa ao sistema sul-coreano e suas eleições, porém naquela época conturbada a Coreia do Norte tinha mais motivos para se reivindicar a mais democrática e, neste discurso, Kim Il Sung fez questão de enumera-los, o que é sem dúvida interessante para observamos esses dois regimes que se proclamam democráticos.

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Lúcio Júnior — Efeitos Especiais de Georg Lukács

Lukács é um autor interessante. Tido por stalinista por alguns, é um dos grandes inspiradores do marxismo ocidental, juntamente com Trotsky e Gramsci. Em um artigo recente de Brian Williams na revista Socialist Action, Williams explicou bem as diferenças entre Lenin e Lukács. Resumindo, são as seguintes: para Lukács, o importante é que o sujeito conheça o objeto, ou seja, que a classe proletária tome consciência de si mesma: aí ela está pronta para a revolução. Para Lenin, a revolução não depende somente da própria classe operária e sim da correlação das classes, massas, partidos e forças, assim como, num dado país, a revolução só irá acontecer quando a classe superior não puder levar as coisas da mesma maneira e quando a classe operária não puder mais viver da antiga maneira. Além disso, é preciso estudar e levar em conta todas as forças e classes que estão em jogo – e não somente se trata de uma identificação entre a classe operária consigo mesma, numa tomada de consciência iluminadora que enche o seu ser de poder. O poder é exterior, não está na consciência. Lukács tende ao idealismo subjetivo, a pensar que a consciência da revolução gera a revolução, a ideia gera a matéria.

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Stalin e culto à personalidade: o grande mito – Parte 2

Stalin e o “culto à personalidade” – O que há de verdade?

Título original: The ‘Cult of The Individual’ (1934-52)

Lido por William Bill Bland no Stalin Society, organização localizada na Grã-Bretanha, em maio de 1991.

(http://www.stalinsociety.org.uk/)

Em 14 de fevereiro de 1956, Nikita Kruschev, então primeiro secretário do Comitê Central do Partido Comunista da União Soviética, publicou um obscuro e enviesado ataque contra Stalin no XX Congresso do Partido: “É de suma importância para restaurar e reforçar por todos os meios possíveis o princípio leninista da liderança coletiva. O Comitê Central condena veementemente o culto individual, alheio ao espírito do marxismo-leninismo”. (NS Kruschev:Relatório para o Comitê Central, 20 o Congresso do PCUS , Fevereiro de 1956, Londres 1956, p. 80-81).

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Stalin e culto à personalidade: o grande mito – Parte 1

Agosto de 1930:

“Você fala de sua “devoção” por mim. Talvez esta seja uma expressão que pronunciou acidentalmente. Talvez … Mas se não for uma expressão casual, te aconselho a descartar o “princípio” de devoção pelas pessoas. Não é o estilo bolchevique. Seja devoto da classe operária, do Partido, do Estado. Isso é algo bom e útil. Mas não confunda isso com a devoção das pessoas, esse enfeite vaidoso e inútil dos intelectuais sem caráter.” (Stalin em “Letter to Comrade Shatunovsky.” Works, Volume 13, Moscou, 1955, pág. 20).
http://www.marxists.org/reference/archive/stalin/works/1930/08/x01.htm

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“Tal país ou líder comunista não seguiu o que Marx e Engels idealizaram”

Esse post fica para posterior expansão e aprofundamento. Por enquanto, posto aqui uma ideia central para refutação dessa confusão comum em leigos. Ela aparece no livro A Ideologia Alemã (escrito por Marx e Engels e que considero ser uma obra mais importante que o Manifesto e o Capital para a formação dos comunistas).

“O comunismo não é para nós um estado de coisas que deva ser estabelecido, um ideal pelo qual a realidade terá de se regular. Chamamos comunismo ao movimento real que supera o atual estado de coisas. As condições deste movimento resultam da premissa atualmente existente”.

As Classes Sociais — Melciades Peña

Não se pode confundir a posição de classe com a quantidade de dinheiro que se ganha. Sendo assim, a classe dominante em seu conjunto ganha muito dinheiro enquanto que a classe oprimida em seu conjunto ganha apenas o necessário para viver. Mas nos setores intermediários da sociedade e dentro de cada classe as coisas não são tão nítidas e um burguês pode ganhar cem vezes mais que outro, sem que um dos dois deixe de ser burguês.

Por isso Marx afirmou que: “A divisão em classes não está fundamentada nem na magnitude da fortuna, nem na da renda. O sentido grosseiro transforma a distinção de classes segundo o tamanho da carteira do indivíduo. A medida da carteira é de uma diferença apenas quantitativa, porque se pode sempre jogar um indivíduo da mesma classe contra outro.” (A Sagrada Família).

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Kurt Gossweiler — A superação do anti-stalinismo

A superação do anti-stalinismo

Uma importante condição para a reconstrução do movimento comunista enquanto movimento marxista-leninista unido

Kurt Gossweiler
1994

Para os marxistas não é de forma nenhuma surpresa que o fim da União Soviética e dos estados europeus socialistas tenha trazido consigo o regresso da guerra à Europa e o início de uma ofensiva geral do capital contra a classe trabalhadora e todo o povo trabalhador. Esta brutal ofensiva do capital só pode ser rechaçada com uma defesa conjunta, unitária, de todos os atingidos. Só por isto é urgentemente necessária a reconstrução de um movimento comunista unido, já para não falar da tarefa de acabar com o domínio do imperialismo. Infelizmente, porém, o movimento comunista ainda está muito longe de ser um movimento unido.

A mim, pelo menos, parece-me que o principal obstáculo à reconstrução da unidade dos comunistas reside menos nas diferenças de opinião sobre as tarefas do presente, do que nas opiniões contraditórias sobre a avaliação do caráter e da política dos países socialistas, em especial da União Soviética, no passado.

Alguns estão convictos de que a URSS e os outros países socialistas da Europa (excluindo a Albânia) não eram países socialistas desde o XX Congresso, mas sim países capitalistas de Estado e consideram como revisionistas todos os que não concordam com este ponto de vista, com os quais não pode haver nada em comum. Outros – como lhes tem sido contado desde o XX Congresso e desde Gorbachev com crescente intensidade – veem em Stalin o destruidor do socialismo, por isso declaram que com os “stalinistas” não pode haver nada em comum. Nesta posição encontra-se a maior parte das organizações que se formaram a partir das ruínas resultantes da decadência dos partidos comunistas e, com efeito, não só aqueles que se assumem abertamente como partidos sociais-democratas, mas também a maioria dos que se consideram partidos comunistas, incluindo o PDS que manobra entre estes dois.

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Stalin e a luta pela reforma democrática (II)

Parte 1: https://iglusubversivo.wordpress.com/2012/03/15/stalin-reforma-democratica-1/

Grover Furr (professor de História/Montclair, New Jersey)

http://clogic.eserver.org/2005/furr.html
Tradução: Lúcio Jr
Correção de alguns erros gramaticais: eu mesmo (se tiver mais algum erro, me avisem)

Durante a guerra

1. Quando estava acabando a Segunda Guerra Mundial, Stalin e os seus partidários no Politburo tentaram de novo afastar o Partido Bolchevique do controle direto do governo soviético. Assim é que Yuri Zhukov descreve o que aconteceu:

“Em janeiro de 1944…, pela primeira vez durante a guerra, foi convocado conjuntamente o Comitê Central e uma sessão do Soviete Supremo da URSS. Molotov e Malenkov prepararam um rascunho de um decreto do Comitê Central em que afastava legalmente o Partido do poder. O Partido manteria as suas funções de agitação e propaganda, como também a seleção de quadros; ninguém poderia afastá-lo destas tarefas próprias de partido. O esboço impedia ao Partido intervir nas questões econômicas e no funcionamento dos órgãos do Estado. Stalin leu o rascunho, trocou seis palavras, e escreveu:

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Stalin e a luta pela reforma democrática (I)

Bibliografias, Notas e Notas Adicionais, na parte 2.
O artigo do professor Furr detalha, conforme pesquisas recentes, o papel de Stálin nos anos 30 e 40. O que é  surpreendente é que, ao invés de burocratizar, Stálin e seu grupo cobraram muito dos dirigentes e sempre tentaram introduzir reformas democráticas. No entanto, Stálin nunca teve tanto poder, como se imagina na histografia de hoje.
STALIN E A LUTA PELA REFORMA DEMOCRÁTICA
Grover Furr (professor de História/Montclair, New Jersey)
Tradução: Lúcio Jr.
Primeira parte

Introdução

1. Este artigo sublinha as tentativas de Stalin, desde os anos 30 até a sua morte, em democratizar o governo da União Soviética.

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