As Classes Sociais — Melciades Peña

Não se pode confundir a posição de classe com a quantidade de dinheiro que se ganha. Sendo assim, a classe dominante em seu conjunto ganha muito dinheiro enquanto que a classe oprimida em seu conjunto ganha apenas o necessário para viver. Mas nos setores intermediários da sociedade e dentro de cada classe as coisas não são tão nítidas e um burguês pode ganhar cem vezes mais que outro, sem que um dos dois deixe de ser burguês.

Por isso Marx afirmou que: “A divisão em classes não está fundamentada nem na magnitude da fortuna, nem na da renda. O sentido grosseiro transforma a distinção de classes segundo o tamanho da carteira do indivíduo. A medida da carteira é de uma diferença apenas quantitativa, porque se pode sempre jogar um indivíduo da mesma classe contra outro.” (A Sagrada Família).

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Hungria: as consequências desastrosas do capitalismo

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Polícia húngara e empresas de segurança privada costumam realizar remoções como na foto, de Balrad.

Recentes pesquisas de opinião revelam que a maioria do povo húngaro considera a vida tão miserável que gostaria de viver em qualquer outro país. Muitos consideram que a vida era muito melhor antes de 1989, quando o povo desfrutava de pleno emprego e de um avançado sistema de bem-estar social. O capitalismo destruiu tudo isto. O que se exige são a posse estatal dos bens e o planejamento, mas sob o controle democrático dos próprios trabalhadores.

“O povo já não desfruta de pleno emprego. A pobreza e o crime aumentam. O povo trabalhador já não tem acesso à ópera ou ao teatro. A TV caiu de qualidade assombrosamente – ironicamente nunca tivemos o Big Brother… mas agora o temos”.

A que país e a que período se refere esta citação? Grã-Bretanha, América, qualquer um da Europa? Há quarenta, há vinte anos ou hoje? Podia referir-se a todos ou a algum deles, mas é de um artigo que apareceu na edição da internet do The Daily Mail. Mail on-line em outubro de 2009 e se refere à Hungria.

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I. Smirnov — As Condições de Vida nos Países Capitalistas e na URSS

Fonte: Problemas – Revista Mensal de Cultura Política nº 18 – Abr-Mai de 1949

Azedas acusações têm sido lançadas contra a URSS a propósito da capacidade aquisitiva do operário soviético apresentada como inferior à dos operários dos países ocidentais. Todas as estatísticas soviéticas não foram suficientes para provar, pela magia dos números comparados, o atraso econômico da URSS.

É difícil acreditar-se que tantos esforços tenham sido feitos, única e exclusivamente, para demonstrar, por exemplo, que um par de sapatos custa mais caro na União Soviética que num país do ocidente — o que aliás é falso — ou ainda para demonstrar, em palavras de colorido científico, que um par de sapatos representa na União Soviética uma quantidade de trabalho maior que no ocidente. Três anos após o término da guerra, semelhante comparação, mesmo que fosse exata, não provaria, a rigor, nada do que os polemistas têm interesse em provar. Isto porque nós concordamos de bom grado, e mesmo de muito bom grado, que em 1942, por exemplo, quando a URSS foi invadida até ao Cáucaso, um par de sapatos custava aqui mais caro, por certo, do que nos Estados Unidos, que não foram invadidos, nem sequer ameaçados de invasão. Se hoje os sapatos soviéticos estivessem, por acaso, ainda mais caros que os americanos, isto apenas relembraria que a URSS, menos feliz que os Estados Unidos, não pôde, durante longos anos, ficar tranquilamente a fabricar calçado.

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