Saudações aos comunistas italianos, franceses e alemães

Um texto excelente de Lenin, que demonstra um pouco de seu domínio da dialética marxista, fazendo a crítica tanto da “pequeno-burguesia” adepta das ideias de Kautsky quanto a crítica dos ultra-esquerdistas que desejam “proibir” a participação dos comunistas no parlamento burguês. Traduzido para Português (do Brasil) a partir da tradução para Português (de Portugal) realizada pelo site Para a História do Socialismo.

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A Revolução Maoísta no Tibete — Parte 4

A Opressão Retorna — Depois do Golpe na China

Duas Linhas Se Enfrentam no Tibete

Os revolucionários maoístas combateram forças poderosas dentro do Partido Comunista que queriam impor um caminho capitalista à China, incluindo o Tibete. Na Parte 3, descrevemos o programa desses “caminhantes capitalistas” – cujos líderes incluíram Deng Xiaoping. Eles se chamavam “comunistas” e falavam em construir um “poderoso Estado socialista moderno”, mas eles realmente queriam era parar a revolução depois de abolir o feudalismo. Mao Tsé-tung considerou que essas forças eram inimigos amargos da revolução – ele os chamou de “revisionistas”, “negociantes capitalistas” e “comunistas falsos”. Mao viu que sua imitação de métodos capitalistas “eficientes” traria a polarização de classe e a exploração capitalista de volta para a China. O resultado seria que a China mais uma vez seria penetrada e dominada por investidores e exploradores estrangeiros.

O contraste entre a linha comunista revolucionária de Mao e a linha capitalista dos revisionistas é muito claro em todas as questões relacionadas ao Tibete.

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O caminho do socialismo soviético à restauração capitalista

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Kosygin, um dos cabeças do processo de restauração do capitalismo na URSS, na Cúpula de Glassboro – à sua esquerda, o presidente estadunidense Lyndon B. Johnson

Depois da queda dos sistema político-econômicos de vários países socialistas, tornou-se comum ouvir na grande mídia que isso significou “o fim do socialismo”, “o fim da história”, “a vitória final do capitalismo”, “a prova de que o socialismo não funciona”. Qual é o problema dessa visão? É o que este texto tenta responder.

Fala-se muito do “colapso do socialismo na União Soviética”, porém o termo “colapso” é um erro semântico, por dar a ideia de que a razão para o fim da URSS foi uma falha supostamente inerente ao socialismo. Apesar de ter algumas causas internas, também teve causas externas importantes. Tentarei clarificar todas neste artigo.

A conquista do poder pelo proletariado e a eliminação de velhas instituições burguesas não levam por si próprias à instauração de novas relações de produção, nem estas novas relações surgem imediatamente, nem são ordenamentos legislativos instaurados mediante decisão estatal. Recai sobre o poder proletário a responsabilidade de criar instituições sociais adequadas às forças produtivas e de desenvolver tais forças, tecnicamente e politicamente (neste aspecto, dar a elas um viés coletivista e democrático, bem diferente do que se encontra em qualquer empresa capitalista, por exemplo).

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Lúcio Júnior — Efeitos Especiais de Georg Lukács

Lukács é um autor interessante. Tido por stalinista por alguns, é um dos grandes inspiradores do marxismo ocidental, juntamente com Trotsky e Gramsci. Em um artigo recente de Brian Williams na revista Socialist Action, Williams explicou bem as diferenças entre Lenin e Lukács. Resumindo, são as seguintes: para Lukács, o importante é que o sujeito conheça o objeto, ou seja, que a classe proletária tome consciência de si mesma: aí ela está pronta para a revolução. Para Lenin, a revolução não depende somente da própria classe operária e sim da correlação das classes, massas, partidos e forças, assim como, num dado país, a revolução só irá acontecer quando a classe superior não puder levar as coisas da mesma maneira e quando a classe operária não puder mais viver da antiga maneira. Além disso, é preciso estudar e levar em conta todas as forças e classes que estão em jogo – e não somente se trata de uma identificação entre a classe operária consigo mesma, numa tomada de consciência iluminadora que enche o seu ser de poder. O poder é exterior, não está na consciência. Lukács tende ao idealismo subjetivo, a pensar que a consciência da revolução gera a revolução, a ideia gera a matéria.

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Kurt Gossweiler — A superação do anti-stalinismo

A superação do anti-stalinismo

Uma importante condição para a reconstrução do movimento comunista enquanto movimento marxista-leninista unido

Kurt Gossweiler
1994

Para os marxistas não é de forma nenhuma surpresa que o fim da União Soviética e dos estados europeus socialistas tenha trazido consigo o regresso da guerra à Europa e o início de uma ofensiva geral do capital contra a classe trabalhadora e todo o povo trabalhador. Esta brutal ofensiva do capital só pode ser rechaçada com uma defesa conjunta, unitária, de todos os atingidos. Só por isto é urgentemente necessária a reconstrução de um movimento comunista unido, já para não falar da tarefa de acabar com o domínio do imperialismo. Infelizmente, porém, o movimento comunista ainda está muito longe de ser um movimento unido.

A mim, pelo menos, parece-me que o principal obstáculo à reconstrução da unidade dos comunistas reside menos nas diferenças de opinião sobre as tarefas do presente, do que nas opiniões contraditórias sobre a avaliação do caráter e da política dos países socialistas, em especial da União Soviética, no passado.

Alguns estão convictos de que a URSS e os outros países socialistas da Europa (excluindo a Albânia) não eram países socialistas desde o XX Congresso, mas sim países capitalistas de Estado e consideram como revisionistas todos os que não concordam com este ponto de vista, com os quais não pode haver nada em comum. Outros – como lhes tem sido contado desde o XX Congresso e desde Gorbachev com crescente intensidade – veem em Stalin o destruidor do socialismo, por isso declaram que com os “stalinistas” não pode haver nada em comum. Nesta posição encontra-se a maior parte das organizações que se formaram a partir das ruínas resultantes da decadência dos partidos comunistas e, com efeito, não só aqueles que se assumem abertamente como partidos sociais-democratas, mas também a maioria dos que se consideram partidos comunistas, incluindo o PDS que manobra entre estes dois.

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Hungria, 1956: Revolução ou contrarrevolução? – Parte 2

Leia a primeira parte: https://iglusubversivo.wordpress.com/2011/08/03/hungria-1956-1/

Trechos relevantes de: A URSS e a contra-revolução de veludo – partes II, III e IV, por Ludo Martens (R.I.P.), em agosto de 1989

Hungria: a emergência de uma camada muito rica…

Na Hungria, velhos quadros comunistas, reagrupados na Sociedade Ferenc Munnich e no Centro da Plataforma Marxista, denunciam a “restauração burguesa” no seu país. Os princípios do marxismo-leninismo foram liquidados a tal ponto que o novo número um, Rezso Nyers, já não acha necessário manter as aparências: perfila-se abertamente como um aliado do imperialismo americano, como um representante dos novos capitalistas húngaros e como um correligionário da social-democracia ocidental. Vejamos os fatos:

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(Trotskismo: Contrarrevolução Disfarçada) A Revolução Chinesa

Moissaye J. Olgin


A Revolução Chinesa

A Revolução Chinesa é, ao lado da Revolução Russa, a maior conquista das massas trabalhadoras do mundo. Pela primeira vez na história, o imperialismo mundial foi abalado em uma de suas fortalezas em um país atrasado, que foi brutalmente roubado pelo capital britânico, francês, japonês e americano. A Revolução Chinesa é excelente prova da correção do marxismo-leninismo, que vê duas forças fundamentais da revolução mundial: o movimento proletário nos países capitalistas e do movimento de libertação nacional, nas colônias, e que insiste que essas duas forças principais se unam em uma frente comum contra o inimigo comum, o imperialismo.

As teses sobre o problema colonial e nacional apresentadas por Lenin para o Segundo Congresso da Internacional Comunista (1920) dizem:

“O capitalismo europeu extrai seu poder, principalmente, não de os países industrializados europeus, mas a partir de seus domínios coloniais. Para a sua existência, o controle sobre vastos mercados e um amplo campo de exploração são necessários. . . .

“Os superlucros recebidos das colônias são a principal fonte dos meios do capitalismo moderno. A classe trabalhadora européia conseguirá derrubar o sistema capitalista só quando essa fonte secar.

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Hungria, 1956: Revolução ou contrarrevolução? – Parte 1

Leia a parte 2: https://iglusubversivo.wordpress.com/2011/08/19/hungria-1956-2/

É importante notar a natureza do levante húngaro de 1956, que não foi uma revolta “contra a burocracia stalinista encabeçada pelo povo trabalhador” como repete incansávelmente a propaganda anticomunista.

Assim como Khruschev e outros revisionistas russos diziam que queriam resgatar Lenin, ao abandonarem o legado revolucionário de Stalin, os húngaros revoltosos diziam que estavam defendendo o socialismo, ao dizer não para a União Soviética. Porém não foi a oposição ao socialismo — ou a qualquer outro modelo político-econômico — que ocasionou o levante húngaro contra a União Soviética. A causa foi mais uma explosão de um sentimento nacionalista, não por acaso, que a vontade por “mudanças político-econômicas” e por um “novo socialismo” (que de socialismo tinha pouco). Os dirigentes do Partido Comunista desse país (e também da Alemanha oriental e Romênia) foram parcialmente responsáveis, mas também deve ser deixado claro que eles já “não se importavam mais”, burocratizaram-se pelo conformismo: havia incapacidade de manter um grande e verdadeiro contato com as massas e construir um socialismo revolucionário como o soviético, o chinês e o norte-coreano; isso serviu de pretexto para a execução dos planos muito bem arquitetados por uma minoria oportunista. O porquê dessas afirmações você descobrirá no decorrer da leitura.

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Considerações sobre a experiência iugoslava

Nesse post colocarei três textos para formação política e histórica que julgo serem de extrema importância para os comunistas. O primeiro é escrito pelo historiador belga Ludo Martens; o segundo é escrito pelo comunista albanês Enver Hoxha; o último são trechos que julguei mais valiosos de um texto escrito pela redação das revistas chinesas Renmin Ribao e Hongqi, chamado “A Iugoslávia é um País Socialista? Comentário Sobre a Carta Aberta do CC DO PCUS (III)”, em 26 de setembro de 1963.

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O texto abaixo é retirado do livro Stalin, um novo olhar (Un autre regard sur Stalin), do historiador Ludo Martens. Páginas 128 e 190 a 194. Editora Revan.
Link para baixar o PDF da edição portuguesa: http://www.hist-socialismo.com/docs/UmOutroOlharStaline.pdf

A essência do titoísmo

Em 1948, a Iugoslávia tornou-se o primeiro país socialista a voltar-se para o bukharinismo. Tito recebeu o apoio decidido dos Estados Unidos. Desde então, as teorias titoístas infiltraram-se na maior parte dos países da Europa do Leste.

O livro de Cohen, Bukharin and the Bolshevik Revolution, e o publicado pelo social-democrata inglês Ken Coates, presidente da Bertrand Russel Peace Foundation, serviram de base à campanha internacional de reabilitação de Bukharin durante os anos 70. Esta campanha aliava os revisionistas dos partidos comunistas italiano e francês aos sociais-democratas – desde Pelikan a Gilles Martinet – e, é claro, às diversas seitas trotskistas. Estas mesmas correntes apoiariam Gorbachev até ao dia da sua queda. Todos afirmaram que Bukharin representava uma “alternativa bolchevique ao stalinismo e alguns chegaram a proclamá-lo precursor do eurocomunismo.” (L’Affaire Bukharine, Blanc et Kaisergrüber, pp. 11 e 16)

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Oportunismo – um Permanente Aliado da Burguesia

Eurocomunismo é Anticomunismo
De Enver Hoxha

Parte I

A NOVA ESTRATÉGIA IMPERIALISTA E O NASCIMENTO DO REVISIONISMO MODERNO

Oportunismo
– um Permanente Aliado da Burguesia

O surgimento do revisionismo contemporâneo, assim como do velho revisionismo, constitui um fenômeno social condicionado por diferentes e numerosas causas históricas, econômicas, políticas etc. Considerado em seu conjunto, é um produto da pressão da burguesia à classe trabalhadora e sua luta. O oportunismo e o revisionismo têm estado estreitamente vinculados, desde o início, à luta da burguesia e do imperialismo contra o marxismo-leninismo, têm sido parte integrante da grande estratégia capitalista orientada para minar a revolução e perpetuar a ordem burguesa. À medida que avança a causa da revolução e o marxismo-leninismo vai se difundindo entre as amplas massas populares, o imperialismo tem dedicado uma maior atenção à utilização do revisionismo como sua arma favorita contra a triunfante ideologia do proletariado, como instrumento para solapar esta ideologia.

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