O “Caso dos Médicos” de 1953 na URSS

O discurso de Nikita Kruschev já foi analisado por alguns historiadores e não deve de nenhuma maneira ser absorvido acriticamente. É preciso analisar a fundo o que motivou as acusações feitas em seu “Relatório Secreto”, no XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética.

Kruschev afirma que o Caso dos Médicos foi “fabricado por Stalin”. Esse caso foi uma acusação feita a vários médicos no fim dos anos 40, que se estendeu durante mais alguns anos. Foi a transformação de uma justa campanha anti-cosmopolita em uma campanha antissemita. Uma médica do Kremlin, Lydia Timashuk, acusou seu colega Yakov Gilyarievich Etinger de ter de propósito interpretado erroneamente o exame cardiológico de Andrei Zhdanov, para deixá-lo morrer. Até então, consideravam que a morte dele foi por causas naturais.

A versão hegemônica desses acontecimentos, até hoje, é a de que Stalin acreditou nas acusações. Inclusive, certos intelectuais burgueses afirmam que a morte de Stalin foi o que salvou os médicos judeus do julgamento e da execução. Fontes sionistas costumam ir além, considerando o “antissemitismo de Stalin” algo indiscutível. Porém, Stalin tinha sérias dúvidas sobre esse suposto complô, justificando tais dúvidas com o fato de as únicas evidências serem os relatórios da doutora Timashuk, algo que é até relatado por sua filha Svetlana Alliluyeva, em “20 Cartas a Um Amigo”.

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