Resposta à animação “Os Invencíveis”, do Instituto de Memória Nacional da Polônia — Parte 1

Leia também a Parte 2.

Esse instituto produziu uma animação gráfica de viés nacionalista sobre a Polônia, denominada “Os Invencíveis”, que segundo o qual retrata “a história da luta pela liberdade do povo polonês contra as ocupações dos regimes nazista e soviético”.

O vídeo é repleto de incoerências históricas, com um raciocínio simplista que vem acompanhado do sensacionalismo tanto na forma de escrita quanto nas imagens. Isso joga vários véus sobre a realidade histórica e presta um desserviço a quem precisa ter acesso a alguma informação fidedigna sobre os fatos enunciados.

Não é nem mesmo explicado o contexto político que levou à assinatura do tratado de não agressão entre a URSS e a Alemanha, que não tinha nenhuma relação com qualquer plano “para destruir a Polônia”. São ocultados todos os fatos que precederam a invasão nazista, algo útil para alimentar o discurso de que supostamente havia uma espécie de conluio maléfico entre os dois países. Tentam destruir o resgate da memória da resistência armada da esquerda contra o nazismo, de dentro dos campos de concentração. Confiam na propaganda que jogou a responsabilidade pelo Massacre de Katyń nas mãos dos soviéticos. Escondem a ascensão do fascismo, tanto na Polônia quanto em alguns outros países que compunham o que a burguesia chama de “Bloco de Varsóvia”, que continuou atuando mesmo depois da guerra.

Os longos parágrafos que se seguem tentam dar uma resposta a esses ataques mentirosos, tendo um compromisso sério com a verdade, sem apelar para a distorção de fatos históricos com o objetivo de alimentar determinada retórica político-ideológica.

Nesta primeira parte, o foco será dado ao Tratado de Não Agressão Mútua, pelo qual o vídeo passa muito rapidamente – com uma afirmação sensacionalista de duas linhas: “Em 23 de agosto de 1939, Hitler e Stalin firmaram um pacto secreto. O objetivo era destruir a Polônia”.

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Mário Sousa — O Tratado de Não Agressão Mútua entre a União Soviética e a Alemanha

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Invasão da Polônia por tropas alemãs

Passaram mais de 60 anos desde a assinatura do “Tratado de Não Agressão Mútua” entre a União Soviética e a Alemanha em Setembro de 1939, também conhecido como Tratado Molotov-Ribbentrop. Este Tratado tem sido deturpado e utilizado na guerra-fria das potências ocidentais para desinformar sobre a política da União Soviética, tentando os desinformadores transformar este país num aliado da Alemanha nazi.

Estas campanhas de desinformação continuam ainda hoje com toda a força embora a União Soviética já não exista e os jornais da burguesia tenham dado o comunismo por morto milhares de vezes. Mas a verdade é que o comunismo está bem vivo! O que se pretende com as campanhas contra a União Soviética é combater as simpatias comunistas existentes nas classes trabalhadoras do mundo em que vivemos e defender as injustiças do capitalismo. Por esta mesma razão é importante dar ao público a história do passado e as circunstâncias em que o Tratado de Não Agressão Mútua foi assinado.

Europa em 1939

A situação da Europa de 1939 era dominada por uma grande tensão política e militar, provocada pelos ataques militares e as ocupações levados a cabo pelos países fascistas durante esse decênio. Em Outubro de 1935, a Itália fascista invadiu a Abissínia (Etiópia), que foi totalmente ocupada pelos italianos em 1936 depois de grandes massacres da população. Em 1936, em Espanha, os fascistas iniciaram a guerra civil contra o povo espanhol, que vieram a ganhar dois anos mais tarde depois de receberem uma ajuda militar massiva da Itália fascista e da Alemanha nazi. Em 1936 a Alemanha assinou com o Japão o chamado Pacto Anti-Comintern contra a União Soviética, um pacto ao qual a Itália se juntou pouco tempo depois. Em Março de 1938 a Alemanha nazi anexou a Áustria que deixou de existir como país independente.

A traição à Tchecoslováquia

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Stalin e culto à personalidade: o grande mito – Parte 2

Stalin e o “culto à personalidade” – O que há de verdade?

Título original: The ‘Cult of The Individual’ (1934-52)

Lido por William Bill Bland no Stalin Society, organização localizada na Grã-Bretanha, em maio de 1991.

(http://www.stalinsociety.org.uk/)

Em 14 de fevereiro de 1956, Nikita Kruschev, então primeiro secretário do Comitê Central do Partido Comunista da União Soviética, publicou um obscuro e enviesado ataque contra Stalin no XX Congresso do Partido: “É de suma importância para restaurar e reforçar por todos os meios possíveis o princípio leninista da liderança coletiva. O Comitê Central condena veementemente o culto individual, alheio ao espírito do marxismo-leninismo”. (NS Kruschev:Relatório para o Comitê Central, 20 o Congresso do PCUS , Fevereiro de 1956, Londres 1956, p. 80-81).

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