O caminho do socialismo soviético à restauração capitalista

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Kosygin, um dos cabeças do processo de restauração do capitalismo na URSS, na Cúpula de Glassboro – à sua esquerda, o presidente estadunidense Lyndon B. Johnson

Depois da queda dos sistema político-econômicos de vários países socialistas, tornou-se comum ouvir na grande mídia que isso significou “o fim do socialismo”, “o fim da história”, “a vitória final do capitalismo”, “a prova de que o socialismo não funciona”. Qual é o problema dessa visão? É o que este texto tenta responder.

Fala-se muito do “colapso do socialismo na União Soviética”, porém o termo “colapso” é um erro semântico, por dar a ideia de que a razão para o fim da URSS foi uma falha supostamente inerente ao socialismo. Apesar de ter algumas causas internas, também teve causas externas importantes. Tentarei clarificar todas neste artigo.

A conquista do poder pelo proletariado e a eliminação de velhas instituições burguesas não levam por si próprias à instauração de novas relações de produção, nem estas novas relações surgem imediatamente, nem são ordenamentos legislativos instaurados mediante decisão estatal. Recai sobre o poder proletário a responsabilidade de criar instituições sociais adequadas às forças produtivas e de desenvolver tais forças, tecnicamente e politicamente (neste aspecto, dar a elas um viés coletivista e democrático, bem diferente do que se encontra em qualquer empresa capitalista, por exemplo).

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Os Sovietes

Post baseado principalmente na obra “URSS, Uma Nova Civilização” escrita por Sidney Webb e Beatrice Webb. Edição de 1938 da Editora Calvino Ltda, RJ.

Os Soviets surgiram em 1905 como órgãos da insurreição armada, concebidos pela criatividade revolucionária das massas populares, como expressão da criação do povo, como manifestação da iniciativa do povo.¹ Soviet significava originalmente qualquer tipo de conselho, em russo совет, ou mais especificamente um Conselho de Deputados dos Trabalhadores, Soldados e Camponeses. Foram primeiramente organizados em maio e junho de 1905, em Ivanovo-Voznessensk (hoje conhecida apenas como Ivanovo) e Kostroma para dirigir a greve dos trabalhadores de indústrias têxteis. Mas não era somente para essa função que eles existiam; também exerciam funções políticas locais. Como dito por Mikhail Nikolayevich Pokrovsky em “Breve História da Russa”, de 1934, no volume 2: “Foi a maior greve que jamais se realizou na Rússia. Nessa ocasião, foi eleito o primeiro Soviet de delegados dos trabalhadores, na Rússia, entre os dias 15 e 18 de maio de 1905. Pela primeira vez, os trabalhadores apresentaram-se como classe consciente, livres da influência dos ‘democratas’ como haviam estado desde o tempo de Gapon².” (pp. 153-154, 189-190).

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“Tal país ou líder comunista não seguiu o que Marx e Engels idealizaram”

Esse post fica para posterior expansão e aprofundamento. Por enquanto, posto aqui uma ideia central para refutação dessa confusão comum em leigos. Ela aparece no livro A Ideologia Alemã (escrito por Marx e Engels e que considero ser uma obra mais importante que o Manifesto e o Capital para a formação dos comunistas).

“O comunismo não é para nós um estado de coisas que deva ser estabelecido, um ideal pelo qual a realidade terá de se regular. Chamamos comunismo ao movimento real que supera o atual estado de coisas. As condições deste movimento resultam da premissa atualmente existente”.

A situação dos judeus na URSS. Do livro “URSS, Uma Nova Civilização”.

Do livro “URSS, Uma Nova Civilização”, por Sidney e Beatrice Webb. 1º volume, Editorial Calvino Limitada, edição de 1938, pp. 200-208.

A situação dos judeus na URSS

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Estação de trem em Biro­bid­zhan, que é o centro administrativo do Oblast Judaico Autonômo

Não podemos deixar de mencionar uma importante minoria, mais racial e religiosa do que nacional, que constitui mais um problema com que se tem defrontado a União Soviética: a dos judeus. Sob o regime czarista, a opressão contra a mesma era severa e permanente (1). “Quando caiu o regime autocrático, o estrépito da queda soou aos ouvidos dos judeus como o bimbalhar dos sinos da liberdade. Com uma penada, o Governo Provisório aboliu a complicada rede legislativa organizada contra os judeus. Subitamente, foram eliminadas as correntes que os prendiam. Desapareceram todas as restrições… Os judeus podiam agora manter a espinha dorsal verticalmente e olhar o futuro sem receio” (2).

Infelizmente haveria ainda três ou quatro anos de guerra civil e de fome, durante os quais, à mercê dos exércitos invasores, a massa das populações judias haveriam de sofrer os maiores excessos. De um modo geral, os Exércitos Brancos eram extremamente brutais, enquanto que o Exército Vermelho fazia o possível para proteger essas pobres vítimas, apesar de- por esta ou por aquela razão, a maioria dos judeus não serem simpáticos, por algum tempo, ao Governo Bolchevista. A condenação do comércio baseado no lucro, que foi classificado como usura, feriu profundamente os judeus da Rússia Branca e da Ucrânia, cujas famílias haviam sido, durante séculos, excluídas da agricultura e de outras profissões, ficando confinadas em certos bairros das cidades. Em 1921, a Nova Política Econômica tornou possível a muitos deles voltar aos seus negócios. Mas, por volta de 1928, a campanha coletivista desencadeada por penalidades em dinheiro e medidas policiais, liquidaram praticamente todos os pequenos empreendimentos financeiros a que se dedicavam as famílias judaicas. Só os artesãos ficaram em condições um pouco melhores e os jovens, por sua vez, podiam pelo menos obter emprego nas fábricas do governo.

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Experiências de Almir na União Soviética

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Por Thiago Dutra Vilela

Conheci o Almir pela internet, numa comunidade do orkut. Depois de participar de alguns tópicos obtive a informação de que ele havia morado na União Soviética entre as décadas de 70 e 80. E atualmente mora na minha cidade!

Foi a chance de obter mais informações sobre essa época tão pouco estudada e tão mal lembrada – pela direita e pela esquerda. Acredito que há de se compreender o que aconteceu para poder aprender com todos os erros e acertos do chamado “socialismo real”.

E para termos acesso à verdade não basta apenas investigar os relatos de Moscou. Adianta menos ainda apenas analisarmos a propaganda dos Estados Unidos e da mídia Internacional. Apresento, então, o ponto de vista de Almir, um comunista, na época estudante universitário, estagiário e posteriormente um trabalhador do país. Almir fala sobre a juventude, a imprensa, a economia e a política soviética na sua época.

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I. Smirnov — As Condições de Vida nos Países Capitalistas e na URSS

Fonte: Problemas – Revista Mensal de Cultura Política nº 18 – Abr-Mai de 1949

Azedas acusações têm sido lançadas contra a URSS a propósito da capacidade aquisitiva do operário soviético apresentada como inferior à dos operários dos países ocidentais. Todas as estatísticas soviéticas não foram suficientes para provar, pela magia dos números comparados, o atraso econômico da URSS.

É difícil acreditar-se que tantos esforços tenham sido feitos, única e exclusivamente, para demonstrar, por exemplo, que um par de sapatos custa mais caro na União Soviética que num país do ocidente — o que aliás é falso — ou ainda para demonstrar, em palavras de colorido científico, que um par de sapatos representa na União Soviética uma quantidade de trabalho maior que no ocidente. Três anos após o término da guerra, semelhante comparação, mesmo que fosse exata, não provaria, a rigor, nada do que os polemistas têm interesse em provar. Isto porque nós concordamos de bom grado, e mesmo de muito bom grado, que em 1942, por exemplo, quando a URSS foi invadida até ao Cáucaso, um par de sapatos custava aqui mais caro, por certo, do que nos Estados Unidos, que não foram invadidos, nem sequer ameaçados de invasão. Se hoje os sapatos soviéticos estivessem, por acaso, ainda mais caros que os americanos, isto apenas relembraria que a URSS, menos feliz que os Estados Unidos, não pôde, durante longos anos, ficar tranquilamente a fabricar calçado.

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O Exército Soviético na 2ª Guerra Mundial [PDF] (livro de Leonid Ieremeev)

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“Glória às forças armadas soviéticas!”

Direitos autorais: Editora Revan Ltda., 1995, Rio de Janeiro – RJ

Download: https://www.mediafire.com/file/atzmyzs0qu6ahei/O_Ex%25C3%25A9rcito_Vermelho_na_II_Guerra_Mundial.zip/file

Constituição Russa de 1919

ÍNDICE

ARTIGO 1. Declaração de Direitos do Povo Trabalhador e Explorado

ARTIGO 2. Provisões Gerais da Constituição da República Socialista Federativa Soviética da Rússia

ARTIGO 3. Organização do Poder Soviético

ARTIGO 4. O Direito ao Voto

ARTIGO 5. O Orçamento

ARTIGO 6. O Brasão e a Bandeira da República Socialista Federativa Soviética da Rússia

EMENDAS *(Excerto do livro Soviet State Law)

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E-books em PDF de “Assim Foi Temperado O Aço” de Nikolai Ostrovsk; e “Stalin, Um Novo Olhar”, de Ludo Martens

ASSIM FOI TEMPERADO O AÇO

A Revolução de Outubro de 1917 constituiu o ponto de partida para uma nova etapa na literatura russa, um dos segmentos-força da nova sociedade, que deveria participar do trabalho e da educação política. ASSIM FOI TEMPERADO O AÇO é singular ao representar o empenho da literatura em auxiliar o Estado revolucionário a educar seus jovens, desenvolvendo nas novas gerações a coragem e a confiança em sua missão de formar e consolidar o Estado soviético. Coragem, confiança, garra, vontade e o mais que fosse necessário para que sua missão fosse comprida era o que não faltava a Pavel, personagem principal desta obra, que lutou até mesmo quando suas condições não mais permitiam. Um clássico do realismo socialista.


Idioma: Português
Autor: Nikolai Ostrovsk

Constituição Soviética de 1936

Tabela de Conteúdo

Créditos e Notas

O texto aqui está baseado na tradução em inglês da constituição adotada em dezembro de 1936, publicada em 1938 pela “Casa de Editoração Política do Estado da U.R.S.S.” (State Political Publishing House of the USSR). As emendas foram adotadas nas sessões 1ª, 2ª, 3ª, 6ª, 7ª e 8ª do Supremo Soviete da U.R.S.S. Elas foram apanhadas da edição de 1941 da Constituição Soviética.

As emendas foram feitas como segue: o Artigo 13 foi emendado nas 6ª, 7ª e 8ª sessões do Supremo Soviete; o Artigo 22 nas 1ª, 2ª, 3ª, 7ª e 8ª; o Artigo 23 nas 1ª, 2ª, 3ª, 7ª e 8ª; os Artigos 26, 28, 29, 49 e 70 na 1ª; o Artigo 48 na 7ª; os Artigos 77, 78 e 83 nas 1ª, 3ª e 8ª. A primeira sessão ocorreu em Janeiro de 1938; a segunda em Agosto; a terceira em Maio de 1939; a sexta em Abril de 1940; a sétima em Agosto; a oitava em Março de 1941. Nas sessões 4 e 5 não houve emendas.

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Trecho do filme “Missão Em Moscou”

Trecho no qual o embaixador do EUA da época, Joseph Davies, responde as perguntas da plateia que foi vítima da massiva propaganda contra a União Soviética.

Sobre o filme:

http://www.espacoacademico.com.br/063/63valim.htm

É baseado no livro de mesmo nome, escrito pelo próprio Joseph Davies.

Mentiras sobre a história da URSS

Mário Sousa
15/6/1998

História dos supostos milhões de presos e mortos nos campos de trabalho e pela fome na União Soviética no tempo de Stalin.

Neste mundo em que vivemos, quem consegue escapar às terríveis histórias de mortes suspeitas e assassínios nos campos de trabalho Gulag na União Soviética? Quem consegue escapar às histórias de milhões de mortos pela fomes e de milhões de opositores executados na União Soviética no tempo de Stalin? No mundo capitalista repetem-se estas histórias em livros, jornais, radio, televisão e filme numa quantidade infinita e o mito de dezenas de milhões de vítimas que o socialismo teria causado tem crescido sem limites nos últimos cinquenta anos.

Mas na realidade, de onde vêm estas histórias e estes números? Quem é que está por detrás disto?

E outra pergunta: o que há de verdade nessas histórias? Por exemplo, qual é a informação existente nos arquivos da União Soviética, anteriormente secretos, mas abertos por Gorbatchov à investigação histórica em 1989? Segundo os inventores dos mitos, todas as histórias de milhões de mortos na União Soviética de Stáline se confirmariam no dia em que os arquivos fossem abertos. Foi o que aconteceu? Foi confirmado?

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